Dos 300 produtores inscritos no Prêmio Café Qualidade Paraná, três cafeicultoras do Norte Pioneiro conquistaram a primeira colocação nas três categorias do concurso. Na categoria Natural, a vencedora foi Ceres Trindade de Oliveira Santos, de Joaquim Távora. No segmento Cereja Descascado, a ganhadora foi Eloir Inocêcia Nogueira de Souza, de Tomazina, e a campeã no quesito Microlote foi a cafeicultora de Japira Maria Aparecida Macial.
Para a produtora Ceres Trindade, o anúncio da premiação foi muito satisfatório. “A conquista foi resultado de um trabalho conjunto”, explica Ceres, que trabalha na propriedade junto com o pai e demais familiares. Ao todo, eles possuem 40 mil pés de café e devem colher neste ano 100 sacas do grão beneficiado. A agricultora observa que produzir café especial requer dedicação desde o plantio até a colheita.
As vencedoras deverão representar o Paraná no concurso nacional, que é promovido pela Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) e receberão um prêmio em dinheiro no valor de R$ 5 mil. O segundo e o terceiro colocados levam R$ 3 mil e R$ 2 mil. O governo do Estado, com o apoio dos patrocinadores do prêmio, garante a compra dos lotes classificados até o quinto lugar por R$ 740 a saca. O preço de mercado gira em torno de R$ 420/sc.
Patrícia Santoro, pesquisadora da área de café do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) e membro da comissão organizadora do concurso, afirma que o Norte Pioneiro tem grande potencial para cafés especiais. Ela destaca que essas mulheres que participaram do concurso fazem parte da Aliança Internacional das Mulheres no Café.
A especialista do Iapar completa que a entidade realiza cursos de capacitação com as mulheres que atuam na cafeicultura. “As produtoras aprendem todas as etapas do setor produtivo”, destaca. Silézio Abel Demoner, especialista em café do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) de Cornélio Procópio, aponta que as mulheres conseguem ver detalhes em termos de tratos culturais que os agricultores homens não conseguem.
Demoner exemplifica o caso da limpeza dos terreiros. Segundo ele, imperfeições no piso ou sujeira podem alterar a qualidade do grão, preocupação mais comum entre as agricultoras. O especialista completa que as mulheres seguem à risca a recomendação técnica. E explica que, para o concurso, são analisados itens como: doçura, corpo e fragrância.
Demoner observa que cada item gera uma nota. Para alcançar um alto nível de qualidade, ele destaca que tudo começa com a adubação adequada das lavouras, adoção de bons tratos culturais como manejo de pragas e doenças, escolher a variedade adequada à região e, durante a colheita, fazer a correta regulação dos secadores.
Ainda completa que outro item fundamental para obter um café de boa qualidade é fazer a separação adequada dos grãos maduros. “A colheita deve ser feita somente do grão cereja, com o uso de um recolhimento seletivo”, enfatiza o especialista do Emater.
Os cafés especiais representam 5% da produção paranaense de café. De acordo com dados fornecidos pelo Emater, a produção total do grão no Estado deve chegar a 1,1 milhão de sacas beneficiadas em uma área em produção de 45 mil hectares. No ano passado, o Paraná recolheu 500 mil sacas em uma área superior a 60 mil hectares.
Demoner explica que o baixo rendimento no ano passado se deve à forte geada que atingiu o Paraná em 2013, e que prejudicou a produção do ano seguinte.