O fundo holandês IDH “está propenso a apoiar financeiramente o fortalecimento do Soja Plus nos estados em que o programa está implantado – MT, MS, MG e BA – e a sua expansão em GO e no PR”, diz Carlo Lovatelli, presidente da Abiove. Ele participou do Road Show na Europa sobre a sustentabilidade da soja brasileira ao lado do secretário-geral da Abiove, Fabio Trigueirinho. Abiove, Aprosoja MT, Famato e Ministério do Meio Ambiente encerraram a visita a Bélgica, Reino Unido e Holanda na última sexta-feira, 13. Esse foi o segundo Road Show, em 2015, focado na comunicação ao público europeu – Parlamento, governos, importadores e organizações da sociedade civil, como WWF e Conservação Internacional (CI) – sobre avanços na governança ambiental do Brasil, Moratória da Soja e o Programa Soja Plus.
O Road Show na Europa, que reuniu Abiove, Aprosoja MT, Famato e Ministério do Meio Ambiente, na semana de 9 de novembro, produziu bons resultados: além de ter aumentado o nível de informação dos europeus sobre os avanços na governança ambiental brasileira, principalmente após a aprovação do novo Código Florestal e a implementação do Cadastro Ambiental Rural (CAR), solidificou a percepção de que é preciso a realização de pelo menos duas visitas anuais dessas entidades à Europa e a visita ao Brasil de missões europeias, sobretudo de parlamentares.
“Nós nos comprometemos em realizar road shows duas vezes ao ano, sendo que o próximo já está previsto para maio de 2016, após o encerramento do prazo para o registro de propriedades rurais no CAR e após a Conferência das Partes sobre Clima (COP 21), que acontecerá em dezembro próximo, em Paris. Essas missões brasileiras sobre a sustentabilidade da soja se tornarão uma rotina até quando for necessário melhorar a imagem da nossa sojicultura”, destaca Carlo Lovatelli.
Parlamento Europeu – De acordo com ele, o Parlamento europeu é a mais importante caixa de ressonância para os esforços do Brasil – governo e setor privado – em cumprir as normas rígidas do Código Florestal. Lovatelli também destaca como resultado relevante do Road Show o encontro privado com o presidente da Comissão de Ambiente, Sanidade Pública e Segurança de Alimentos do Parlamento, o italiano, produtor de laranjas, deputado Giovanni La Via, que reafirmou o interesse da Europa em comprar produtos da sojicultura brasileira, principal fonte de proteína para a produção de carnes, ovos e leite na Europa.
La Via convidou os representantes do Brasil a compartilharem as informações sobre os trabalhos de melhoria ambiental desenvolvidos na sojicultora brasileira e os progressos alcançados pelo governo brasileiro na implementação do Código Ambiental, em um seminário com os membros da Comissão de Meio Ambiente do Parlamento. Em contrapartida, o lado brasileiro convidou o deputado La Via a visitar o Brasil e conhecer “in loco” o resultado da aplicação das melhores práticas nas fazendas do Mato Grosso.
A aproximação com eurodeputados, como o português Francisco Assis – presidente da Delegação do Parlamento Europeu para o Mercosul, é outro resultado importante da viagem na semana passada. O deputado Assis, que organizou o seminário com as apresentações do grupo brasileiro no Parlamento, visitará fazendas de soja em Mato Grosso. Ele virá em março do próximo ano para um evento do setor em Lucas do Rio Verde.
Para o Brasil, o mercado europeu, com seu elevado nível de exigência em matéria de sustentabilidade agrícola, é um “benchmark”. A União Europeia é a principal importadora de farelo de soja brasileiro, com uma participação, neste ano, de quase 60%. Por isso, segundo Lovatelli, é preciso eliminar distorções de comunicação que ainda possam afetar negativamente a soja naquele mercado.
Moratória da Soja – Outro tema dos encontros da delegação brasileira na Bélgica, no Reino Unido e na Holanda foi a Moratória da Soja, que, como conceito, deverá continuar por meio da implementação do Código Florestal, explica Lovatelli. O Código Florestal é muito mais amplo do que a Moratória, compromisso do setor privado de não adquirir nem financiar soja de áreas desmatadas no bioma Amazônia após julho de 2008. O Código é mais abrangente, pois diz respeito a outras culturas, que não apenas a soja, tem uma abrangência territorial maior e mecanismos de monitoramento, fiscalização e punição. “O Código Florestal, uma vez implementado, será a ferramenta mais completa para se reduzir a acabar com o desmatamento no Brasil”, reforça o presidente da Abiove.
Ao mesmo tempo, ele reafirma que o Grupo de Trabalho da Soja, o braço operacional da Moratória, que reúne o Ministério do Meio Ambiente, o Banco do Brasil, o setor privado (Abiove e Anec) e a sociedade civil, continuará a existir, pois o diálogo entre essas instituições é importante para todas as decisões do setor na área de sustentabilidade.
OGMs – Além dos progressos na governança ambiental brasileira e as ações estratégicas da cadeia produtiva para melhoria continua da sustentabilidade da soja, outro assunto abordado nas reuniões da comitiva brasileira com parceiros europeus, entre eles Fefac (federação europeia de rações), Fediol (federação europeia das indústrias de óleos vegetais), Nevedi (associação das indústrias de ração da Holanda), Defra (departamento de meio ambiente, alimentos e assuntos rurais do governo britânico), Ministério das Relações Exteriores da Holanda, AIC (confederação das indústrias agrícolas do Reino Unido), sociedade civil, empresas consumidoras e Consumers Goods Forum, foi sobre os organismos geneticamente modificados (OGM).
“Deixamos claro que esse não é um problema para nós. Vamos acompanhar o que o mercado definir. Se alguns países quiserem soja não transgênica atenderemos a essa exigência desde que sejamos remunerados pelo mercado”.
Soja Plus – O Programa Soja Plus, de gestão econômica, social e ambiental da sojicultura brasileira, também foi destacado nos encontros da Abiove, Aprosoja MT e Famato com os europeus. “Insistimos na necessidade de aporte para expandirmos o programa a outros estados sojicultores importantes, como Paraná, Goiás e Rio Grande do Sul”, diz Lovatelli. “Face ao sucesso do Soja Plus como conceito de inclusão de produtores rurais, e com o objetivo de fazê-los chegar a um patamar de excelência exigido pelo mercado europeu, recebemos o apoio do fundo holandês IDH e de seus parceiros, como a Fefac. Eles estão propensos a colaborar financeiramente para o fortalecimento do Soja Plus no MT, MS, em MG e na BA, e para a expansão do programa para áreas ainda não atendidas”, acrescenta Lovatelli.
Diplomacia – Os bons resultados do segundo Road Show sobre a sustentabilidade da soja também se deveram ao apoio da diplomacia brasileira nos três países visitados. Lovatelli salienta a participação ativa, na agenda da semana passada, da embaixadora do Brasil junto à União Europeia, em Bruxelas, Vera Machado, e de sua equipe de colaboradores. No Reino Unido, o Road Show recebeu apoio do embaixador Eduardo dos Santos e staff. Na Holanda, a embaixada do Brasil, chefiada pelo embaixador Piragibe Tarragô, também foi importante na organização da visita.
Mercosul-União Europeia – Os diplomatas brasileiros, segundo Lovatelli, estão trabalhando com entusiasmo em uma pauta definida como prioritária pela presidente Dilma Rousseff: o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia, iniciativa que o presidente da Abiove considera muito importante para o agronegócio do País.