Os grãos de café arábica de alta altitude do Brasil, considerados entre os melhores do país, já começaram a chegar aos armazéns após terem sido beneficiados, afirmaram representantes do setor nesta sexta-feira.
O valor do produto de melhor qualidade, que deve continuar seguindo para o mercado nas próximas duas a três semanas, supera de longe o preço das outras variedades do Brasil, o maior produtor e exportador do grão.
“Os melhores grãos da safra foram colhidos no final de julho. Leva um mês para secar e beneficiar o café”, disse Adelson Donizetti Costa, o proprietário da comercializadora Costa Café, que movimenta 1,2 milhão de sacas por ano a partir de seu escritório em Varginha, no Estado de Minas Gerais.
Os grãos de alta qualidade constituem menos de 5 por cento da produção de 50 a 60 milhões sacas do país este ano, sendo destinados a torrefadores de elite da América do Norte, Europa e Ásia.
A associação norte-americana de cafés especiais considera esses grãos como os melhores do Brasil, pois têm poucos defeitos e uma boa aparência, sabor e aroma.
Produtores destacam outras vantagens do produto colhido mais tarde na temporada.
“Os grãos de maturação tardia são mais uniformes, com menos verdes, como normalmente acontece na colheita precoce”, disse Guilherme Rezende, diretor de café na MinaSul, cooperativa de Varginha que movimenta 1,3 milhão de sacas ao ano.
Fazendas de café de montanha no Brasil, a pouco mais de 1.000 metros acima do nível do mar, são incapazes de concorrer com o produto das altitudes da América Central e produtores andinos como o Peru, que produz premiados cafés em mais de 1.800 metros.
Contudo, mesmo sem tais prêmios, esses cafés brasileiros podem render entre 1.000 reais e 1.500 reais por saca de 60 kg (2,33 a 3,50 dólares por libra-peso) antes da torrefação, muito mais do que os grãos naturais brasileiros finos e extras, que obtêm seu nome pela forma como são secos ao sol nos terreiros.
A demanda da Ásia tem sido especialmente forte pelos melhores grãos do café de Minas Gerais e de São Paulo.
“Nós acabamos de terminar de carregar o nosso terceiro contêiner para Seul”, disse Carlos Eduardo Jeremias, o chefe de vendas da Coopinhal, em Espírito Santo do Pinhal (SP), mostrando um cartão de visita impresso no alfabeto coreano.