Os exportadores de soja do Brasil terão um desafio adicional na posição de líderes mundiais diante de um crescimento nos estoques globais do grão na temporada 2015/16, após grandes colheitas nos Estados Unidos e na América do Sul, disse o presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), Luis Barbieri.
Com grandes safras, os contratos futuros da soja negociados na bolsa de Chicago estão oscilando próximos de mínimas em mais de seis anos, enquanto no mercado brasileiro a alta do dólar está ajudando a compensar perdas registradas nas cotações de referência no exterior, fortalecendo os preços em reais.
“Estamos vivendo uma recomposição de estoques mundiais de soja em níveis que poucas vezes vimos, esse é um desafio, precisamos buscar eficiência”, afirmou Barbieri, também executivo no Brasil para oleaginosas da multinacional Louis Dreyfus, empresa francesa que é uma das maiores tradings globais de grãos, durante jantar para celebrar os 50 anos da Anec, na noite de quinta-feira.
Ele se referia à pressão sobre os preços internacionais exercida por grandes colheitas nos principais produtores mundiais. Os EUA, os maiores produtores globais, terminaram de colher uma grande safra, enquanto o Brasil e a Argentina estão plantando o que pode ser uma nova colheita recorde.
“Temos competidores como Argentina e Estados Unidos, precisamos ser eficientes”, ressaltou Barbieri, lembrando que o agronegócio do Brasil tem registrado exportações recordes de grãos nos últimos anos.
Em entrevista à Reuters, ele evitou comentar sobre eventuais perdas que podem ocorrer em função da irregularidade climática em Estados do Centro-Oeste, como Mato Grosso.
Mas disse esperar uma “grande” safra do Brasil, que segundo ele pode variar de 90 milhões a 100 milhões de toneladas. Na temporada 2014/15, o Brasil colheu históricas 96,2 milhões de toneladas.
Barbieri disse que ainda é cedo para falar em um número fechado para a produção, uma vez que o país ainda tem alguns meses de desenvolvimento antes da colheita no início de 2016.
“É prematuro dizer, vamos ter um número somente em fevereiro, nesse momento não falo nada, apesar de a área plantada) ter tido crescimento. É uma safra grande, quanto vai ser, ainda não sei”, afirmou.
Ainda que a área plantada deva ter um crescimento menor que nos últimos anos, os números do governo federal apontam para um novo recorde de plantio de soja no Brasil de até 33,3 milhões de hectares, alta de 3,8 por cento ante 2014/15.
Do ponto de vista da demanda, ele minimizou preocupações com uma desaceleração na economia da China, maior importador global da oleaginosa.
“O cenário mundial para o nosso produto continua robusto. A China continua comprando no mesmo ritmo”, declarou.