As sacas de cafés especiais caminham para abocanhar entre 10% a 15% da produção anual do grão no Paraná, o que coloca o Estado como um dos destinos procurados por especialistas para obtenção de blends (mistura de grãos diferentes) de qualidade. Em avaliação da Associação Brasileira de Cafés Especiais, entidade de caráter nacional e internacional, o café paranaense também é destaque.
Nesta clima positivo, termina na próxima quinta-feira (29), em Mandaguari, o 13º Concurso Café Qualidade. O secretário da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, estará na premiação. Mais de 300 produtores participaram do concurso, dos quais 95 foram inscritos na fase regional e 45 foram julgados na fase estadual, que está sendo encerrada.
“O concurso é realizado no Estado há 13 anos é a qualidade e a produtividade vem melhorando ano a ano”, diz o secretário executivo da Câmara Setorial do Café, Paulo Franzini, que também é economista do Departamento de Economia Rural (Deral), de Apucarana.
Segundo Franzini, o Paraná já é reconhecido como produtor de cafés especiais no mundo. Agora, a cafeicultura paranaense passará por uma fase de transição, que é a mecanização da lavoura, mesmo nas propriedades de pequeno porte, o perfil da produção no Estado.
“O Paraná saiu da condição de grande produtor em volume e se tornou um produtor de grão de qualidade”, disse Franzini. Para isso, há 13 anos a Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, com as empresas vinculadas Emater e Instituto Agronõmico do Paraná (Iapar), desenvolvem um trabalho educativo e conscientizam o cafeicultor a produzir com qualidade.
O Iapar avançou com pesquisa em novas variedades, mais adaptáveis ao tipo de clima, solo e topografia no Norte do Estado. A Emater buscou na organização do cafeicultor a alternativa para ele adotar boas práticas de produção e meios para comercializar melhor o café.
“O foco do concurso é na qualidade e na produtividade, para que o agricultor consiga mais renda com a atividade.”
No início da década de 2.000, havia 170 mil hectares plantados com café, basicamente na região Norte do Estado. Hoje, na safra 2015, são apenas 54 mil hectares.
O Paraná colhe neste ano 1,2 milhão de sacas de café, com uma produtividade média de 27 sacas por hectare. A meta da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento é elevar a produtividade para 40 sacas por hectare.
DESTAQUE NACIONAL – O avanço do Concurso Café Qualidade estimulou o agricultor a participar de outras mostras, de caráter nacional e internacional, que também premiam a qualidade do grão. “O café conquistou a condição de produto “gourmet” e sua cadeia produtiva vem merecendo tanta atenção quanto a produção de vinhos de qualidade”, comparou Franzini.
O Paraná já é destaque com a indicação geográfica do Norte Pioneiro na produção de Cafés Especiais. Cafeicultores paranaenses estão entre os premiados no concurso da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA, na sigla em inglês). Na primeira fase do concurso, dos 38 melhores cafés do Brasil, seis são do Paraná. Na segunda etapa, dos 21 classificados para a fase internacional, três são do Estado. E depois do Concurso Café Qualidade do Paraná, os premiados vão participar de disputa nacional promovida pela Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic).
RENDA – O trabalho do cafeicultor na busca da melhora da qualidade e da produtividade da lavoura se reverte no aumento de renda. Segundo Franzini, um café bebida Riado Rio, de qualidade inferior, é vendido no mercado de R$ 300,00 a R$ 350,00 a saca. Já um café de padrão médio, tipo 6 bebida dura e classificado como commoditie é vendido de R$ 400,00 a R$ 440,00 a saca. Já um café superior, com notas acima de 80 pontos, pode ser vendido acima de R$ 500,00 a saca, podendo muitas vezes ultrapassar a R$ 1.000,00 a saca, dependendo da agregação de qualidade.
DIA DE CAMPO – Na quinta-feira (29), será realizado um dia de campo em Mandaguari com abordagem de técnicas de irrigação e mecanização das lavouras. Serão repassados conhecimentos de novas variedades de café, espaçamento para comportar a entrada das máquinas e outras técnicas.
PROGRAMAÇÃO:
14h – Sitio e Cafeeira Boa Esperança – PR 444, Km 34
Temas: Irrigação, Mecanização, Sacagem com Qualidade e Torrefação
15h – CTC – Cocari – BR 376, km 204
Temas: Variedades e Espaçamentos, Controle de Broca
16h – Sitio Rosseto – BR – 376, KM 202
Temas: Sucessão Familiar, Adubação Verde, Mecanização, Qualidade de Secagem
18h – Associação Cocari – BR376, KM 204