Aproveitando o preço baixo das commodities e a necessidade de formar estoques, os países árabes comparam do Brasil em janeiro 0,96 milhão de toneladas de grãos, 94,88% mais que embarcado no mesmo mês do ano passado. Em receita, as vendas somaram US$ 156,63 milhões, avanço de 64,69% na mesma comparação, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), compilados pela Câmara de Comércio Árabe-Brasileira (CCAB).
Os árabes também adquiriram mais carnes. No período, os embarques foram de 0,16 milhão de toneladas, alta de 12,74% na mesma comparação, no valor de US$ 263,57 milhões (recuo de 6,99%). Para a entidade, o resultado sinaliza um maior interesse pelo produto brasileiro, já que ainda não reflete a abertura do mercado saudita à carne bovina brasileira anunciada em novembro, nem o Ramadã, o mês sagrado dos muçulmanos que tradicionalmente gera demanda por alimentos.
O secretário-geral da CCAB, Michel Alaby, destaca o fato de alguns parceiros importantes terem intensificado seus embarques em janeiro. Um desses países é o Egito, o maior parceiro na África e o terceiro no mundo árabe. No mês, os embarques para o país renderam receitas de US$ 208,10 milhões, avanço de 40,86%. A alta, de acordo com Alaby, foi influenciada pela compra de cereais e carnes.
Omã, Iraque e Kuwait também geraram receitas adicionais ao Brasil em janeiro, com altas respectivas de 38,52%, 43,69% e 68,79% em relação primeiro mês de 2015. Esses países são tradicionais compradores de minérios (Omã tem uma planta de pelotização da Vale), boi em pé (no caso do Iraque) e carne de frango (a principal demanda do Kuwait). Para o secretário-geral da CCAB, a partir de março deve ocorrer uma intensificação dos embarques de alimentos. “Nesse período, temos o fim da safra e o início das vendas do Ramadã”.
No geral, as vendas externas aos árabes em janeiro renderam receitas de US$ 827,76 milhões, contra US$ 1,015 bilhão no mesmo mês de 2015. Em volumes, os embarques totalizaram 2,91 milhões de toneladas, recuo de 19,63% na mesma comparação. Alaby analisa que as receitas ao longo do ano podem ser beneficiadas pela apreciação do dólar. A tendência de redução nas compras de petróleo pode ainda favorecer o superávit comercial com os árabes, que foi recorde em 2015 (US$ 4,99 bilhões).