Atendido em sua grande maioria por materiais importados, o mercado de produção de cenouretes (ou minicenouras) passará a contar com uma nova opção genuinamente brasileira. O Diário Oficial da União do dia três de fevereiro último registrou a certificação da BRS Planaltina, cultivar de cenoura com características apropriadas para processamento – o certificado, emitido pelo Serviço Nacional de Cultivares do Mapa constitui-se condição sine qua non exigida para a comercialização de sementes de novas cultivares.
Desenvolvida pela Embrapa Hortaliças (Brasília-DF), a BRS Planaltina foi apresentada à cadeia produtiva de hortaliças em 2015, durante a Agrobrasília, feira de tecnologias e negócios agropecuários realizada anualmente na região do Distrito Federal. Na ocasião, tendo em vista o processo de certificação, suas sementes aguardavam a devida autorização para ser disponibilizadas. Com o cumprimento do rito obrigatório, a previsão é de que a oferta ocorra até o final do primeiro semestre de 2016, o que representa a reta de chegada de um trabalho pensado alguns bons anos atrás.
De acordo com o pesquisador Agnaldo Carvalho, que coordena o Programa de Melhoramento de Cenoura, o projeto de pesquisa que resultou na BRS Planaltina foi espelhado na experiência exitosa com a produção de cenouretes nos Estados Unidos, a chamada “baby carrot”. A ideia de reproduzir no Brasil o conhecimento relacionado à produção de cenoura processada, levou o então pesquisador e coordenador do programa Jairo Vieira, atual chefe-geral da Embrapa Hortaliças, a elaborar um projeto de melhoramento visando desenvolver uma cultivar com características apropriadas para o processamento.
“A BRS Planaltina foi desenvolvida para servir como uma alternativa para os materiais utilizados para a produção de minicenouras, realizada por meio de sementes híbridas importadas, o que implica em custos financeiros significativos, refletidos nos altos preços exibidos nas gôndolas dos supermercados”, assinala Carvalho. “Além do custo de importação, no cultivo desses materiais tem que considerar também a questão da adaptação às nossas condições tropicais”, acrescenta.
Cultivar de verão, a BRS Planaltina possui características que permitem um bom rendimento industrial – raízes finas, compridas (de 22 a 26 cm), lisas e uniformes -, quando comparada a outros materiais de cenoura. Segundo o pesquisador, a expectativa é que a importação seja substituída pela produção de sementes da nova cultivar, “aí vamos contar com material nacional o ano inteiro para abastecer o mercado de produção de minicenouras”. A validação pela iniciativa privada já foi devidamente acertada, com o envio de sementes da BRS Planaltina a uma empresa processadora em São Paulo, que vai produzir a cultivar em escala industrial, para avaliar rendimento no campo e a qualidade do material.
Com relação à próxima etapa pós-certificação, a fase atual envolve o plano de marketing da BRS Planaltina, primeiro passo para dar início ao processo de disponibilização das sementes. “Junta-se as informações estatísticas, características e potencialidades desse material, assim como suas limitações, para a montagem do edital pela Embrapa Produtos e Mercado (SPM), seguida pela oferta pública e às empresas interessadas que se enquadrarem nas normas previstas no processo é concedida licença para produzir sementes”, explica Carvalho.
PROCESSADORA
Vale destacar que aos trabalhos de pesquisa de melhoramento agregou-se o esforço de desenvolver uma máquina de processamento para produção de cenouretes. A ideia da concepção do equipamento foi baseada aos que já existiam nos Estados Unidos, e foi pensada para atender o pequeno produtor no aproveitamento de cenouras com menos padrão comercial.