A combinação preferida de quem vive no Brasil é o típico arroz com feijão, mas um prato tradicional lá do outro lado do mundo tem conquistado quem vive na terra tupiniquim, seja brasileiro ou não. Estamos falando do arroz japonês. O mercado ainda é pequeno, mas com grande potencial de crescimento. Com foco nesse mercado promissor, a Embrapa lançou no final de agosto a “BRS 358”, cultivar de grão curto e com baixo teor de amilose – qualidade que o deixa mais pegajoso após o cozimento. “Com essa característica é possível comer usando o palitinho, o hashi”, explica um dos pesquisadores responsáveis pela nova cultivar, Ariano Magalhães.
A nova planta é resultado de mais de dez anos de trabalho dos pesquisadores da Embrapa Clima Temperado (RS), da Embrapa Arroz e Feijão (GO) e de outros centros de pesquisa ligados ao programa de melhoramento de arroz especial da Embrapa. “A vantagem da BRS 358 é que ela tem os mesmos padrões de qualidade de grãos do material japônico tradicional, mas com uma planta agronomicamente moderna”, informa Magalhães.
De acordo com a Embrapa, os materiais para a culinária japonesa utilizados no Brasil, em torno de cinco cultivares, são antigos e ainda pouco adaptados às condições nacionais, por isso não apresentam boa produtividade. Essas variedades chegaram ao Brasil com os colonizadores e deram início ao cultivo de arroz no país. A produção desse tipo de grão especial existe apenas em pequena escala , principalmente porque existem poucos produtores de sementes certificadas interessados em atender mercados específicos. “Em geral, quem produz também cultiva a própria semente para se autoabastecer. É um mercado pequeno ainda, mas que tem crescido muito”, destaca.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população asiática (autodeclarados amarelos) girava em torno de mais de dois milhões de pessoas em 2010. No entanto, “o consumo de comida oriental não está restrito apenas aos descendentes”, argumenta Magalhães.
O pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão, José Colombari Filho, atual coordenador do programa de melhoramento de arroz especial, destacou que essa nova cultivar poderá trazer diferentes oportunidades de negócios, com outras formas de consumo, como arroz-cateto para o típico prato carreteiro ou na forma integral em pratos da alta gastronomia e, portanto, com maior valor agregado. “Uma indústria de alimentos já demonstrou interesse e está testando o produto para alimentos infantis orgânicos, como papinhas para bebês”, revela Colombari.