Com pouco mais de 50% da área plantada de soja colhida, a produtividade vai sendo o destaque da nova safra mato-grossense, o ciclo 2015/16, mas desta vez, o rendimento por hectare se evidencia não pelos volumes recordes e sim, pela variação. A diferença média entre as regiões com maior e menor produtividade chega a cinco sacas por hectare (sc/ha), até o momento no Estado, como aponta o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). Até o final da semana passada, por exemplo, a média estadual era de 52,30 sc/ha, enquanto no sudeste era de 55,49 sc/ha – a maior entre as regiões produtoras – e no médio norte o extremo, média de 49,85 sc/ha.
O recorde de produção previsto para a safra 2015/16 de soja, no Estado, por mais um ano, está sustentado pela ampliação da área plantada e não pelo ganho de produtividade que segue, há mais de uma década cravado em torno de 50 sc/ha.
A diversidade atual de saldos é conseqüência do clima atípico, imposto pelo El Niño, que retardou a chegada das chuvas no momento em que as plantas mais precisam, de setembro a dezembro de 2015, e também, por proporcionar precipitações esparsas e localizadas. Como relataram os produtores, em um trecho de 1 quilômetro de distância, por exemplo, chovia em uma parcela da propriedade e na outra não. Os diferentes rendimentos estão sendo observados dentro das mesmas fazendas também.
“A grande análise é que apesar do aumento da produção, nem todas as regiões tiveram um incremento de produtividade. A diversidade é muito grande, a diferença entre as regiões com maior e menor produtividade chega a cinco sacas. Na região oeste devem ser colhidas 54,2 sc/ha e na nordeste 49 sc/ha”, explica o superintendente do Imea, Daniel Latorraca. (Veja quadro)
Os dados fazem parte da 5ª Estimativa de Safra, divulgada semana passada pelo Instituto, comparada com a safra 2014/15. Latorraca explica que o estudo mostra que três regiões estão registrando queda na produtividade, até o momento, em relação ao ano passado. “A região médio-norte, onde estão 33% da área de soja de Mato Grosso, é a que está apresentando, até agora, a maior queda, com a produtividade 3,6% menor em relação à safra passada. O nordeste e o norte do Estado também estão com a produtividade menor, com 2,1% e 1,1% de queda respectivamente”, detalha Latorraca.
Em contrapartida, as regiões sudeste e oeste podem ter a maior produtividade da história, com o incremento de 2,6% na primeira e de 2,1% na segunda. A região centro-sul também está registrando alta com 1,2% e a noroeste com 0,7%.
Outro ponto que é importante destacar é que a produtividade geral do Estado está caindo. A diferença em relação à safra passada é de queda de 0,6% e isso é consequência da menor produtividade nas regiões onde está a maior área em Mato Grosso. “Dessa forma, podemos dizer que o aumento de 2,1% na área plantada total do Estado é que está segurando o incremento na produção, que deve ser de 28,5 milhões de toneladas, ou seja, 1,5% maior em relação à safra anterior”, conclui Latorraca.
5ª ESTIMATIVA – No novo levantamento, lançado no mês passado, a estimativa de área manteve-se, mais uma vez inalterada, mantida em 9,2 milhões de hectares, superfície recorde. Recorde também é a projeção de produção, de 28,5 milhões de toneladas, cerca de 419 mil toneladas a mais que total produzido na safra 2014/15.
Em relação à produtividade, o Imea revisou para cima a sua última estimativa, divulgada no final do mês passado. Diferentemente da quarta estimativa, realizada em dezembro de 2015, que reduziu a previsão de produtividade para 50,4 sc/ha em Mato Grosso, a nova estimativa de safra elevou a produtividade para 51,6 sc/ha na média do Estado, com todas as regiões apresentando melhorias na qualidade das lavouras em relação ao levantamento anterior. “Constatou-se que as regiões oeste, sudeste e centro-sul registraram as melhores produtividades em Mato Grosso. Nestas regiões, as produtividades aguardadas na safra 2015/16 são as maiores da série histórica do Imea (desde a safra 2007/08). Em contrapartida, a situação mais crítica no Estado continua nas regiões nordeste e médio-norte, com produtividade final aguardada em 49 sc/ha e 50,8 sc/ha, respectivamente. Estas regiões foram as que sofreram mais com a falta de chuva durante a semeadura e parte do desenvolvimento da planta, e mesmo que as condições climáticas melhoraram a partir do início do ano, o impacto da falta de chuva nestas regiões ocorreu em proporções maiores que no resto do Estado, determinando o baixo rendimento das plantas”, destacam os técnicos do Imea.