A chuva dita o ritmo da semeadura da nova safra de soja, o ciclo 2015/16, em Mato Grosso. E com maior frequência e regularidade, como registrado na virada do mês, os sojicultores se desdobraram para aproveitar ao máximo a janela climática favorável e aceleraram as plantadeiras Estado afora. Com a ajuda de São Pedro e o ‘refresco’ do El Niño, a semana passada fechou com a maior variação na evolução do plantio: 18,4 pontos percentuais (p.p.), com isso, novembro começa com pouco mais de 5,6 milhões de hectares cobertos, dos 9,20 milhões estimados pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
O volume pluviométrico ainda não foi suficiente para recuperar o atraso no ritmo dos trabalhos, quando comparado ao mesmo período do ano passado, ou ainda a média de anos anteriores, mas bastou alguns dias seguidos de chuvas mais constantes para que o plantio desse o seu maior salto em sete semanas após o início do plantio, aberto ainda na segunda quinzena de setembro, mas bastante prejudicado pela estiagem. Há atrasos, mas a passagem do mês se deu com mais de 60% da superfície plantada com soja. Conforme o sétimo acompanhamento de semeadura divulgado na última sexta-feira pelo Imea, a diferença anual em relação ao ritmo dos trabalhos no Estado é de apenas 6 p.p., ou seja, em igual momento do ano passado, a área coberta com soja era de 66%.
Lideram os trabalhos as regiões oeste, com 80,6% da área semeada, e a médio norte, com 71,4%. Nessa comparação, apenas o oeste está em vantagem em relação ao mesmo período do ano passado.
AGRURAL – Em linha com a mesma projeção do Imea, está o acompanhamento semanal da consultoria AgRural. Como explica a analista Daniele Siqueira, Mato Grosso recebeu bons volumes no último final de semana e o plantio avançou para 60%. “Mas o índice ainda está longe dos 83% da média de cinco anos”, ressalta.
Apesar da demora das chuvas e do calor, em Sorriso, no médio norte do Estado, a expectativa é de que apenas alguns talhões precisem ser replantados. Em Sapezal (ao noroeste), há problemas de stand (uniformidade das plantas), mas os produtores reclamam da falta de semente para replantio. Em Rondonópolis (ao sul), as chuvas ainda seguem irregulares, mas o plantio está acelerado.
A AgRural revisou nesta semana sua estimativa de área plantada com soja na safra 2015/16 do Brasil. O avanço em relação à safra passada é calculado em 3,1%, ligeiramente acima dos 2,7% da estimativa de um mês atrás. A diferença deve-se a alterações pontuais em diversos estados, que não configuram mudanças de tendência, mas apenas um ajuste fino dos números. A área de 33,07 milhões de hectares, combinada à linha de tendência de produtividade, resulta em produção de 100,2 milhões de toneladas, com aumento anual de 4,1%. O número anterior da AgRural para a produção era de 99,4 milhões de toneladas. A linha de tendência de produtividade será substituída por estimativas baseadas nas condições de desenvolvimento da safra a partir de dezembro.